No retorno às aulas, tão esperados pelas crianças, e também por seus pais, a brincadeira e a convivência devem assumir o papel de protagonistas, e não a atualização do programa teórico.
É inegável que o ano 2020 reforçou algo que já sabíamos: a importância das escolas vai muito além do conteúdo. Percebemos a importância dos professores, e como é difícil o seu trabalho.
Em 2020 também ficou muito evidente o quanto o mundo é muito dinâmico. As crianças pertencem a uma geração onde o fluxo de dados é muito grande e podemos consultar informações a todo momento.
Por outro lado, as escolas ainda focam em “cumprir” um grande volume de conteúdo teórico, até mesmo num ano escolar tão desafiador.
E quais habilidades deveriam ser ensinadas na escola? O que é fundamental para preparar as crianças para o futuro?
Não é possível prever o futuro, mas sabemos que para preparar as crianças para ele, é preciso adquirir as habilidades que lhes permitirão lidar com mudanças, aprenderem coisas novas e preservarem seu equilíbrio mental em situações desconhecidas.
Pensando nisso, algumas matérias deveriam ser ensinadas nas escolas:
- Meditação
- Nutrição e culinária,
- Inteligência emocional
- Inteligência financeira
- Comunicação não-violenta
- Música e teatro
- Esporte diário
Com isso, aumentamos muito as chances de formação de indivíduos saudáveis e preparados para a vida, estimulando criatividade, iniciativa própria, curiosidade e capacidade de negociação.
Além de repensar o conteúdo didático tradicional, o espaço físico das escolas deve receber muita atenção.
Atualmente temos índices desenfreados de obesidade, déficit de atenção, ansiedade, diabetes, depressão, até miopia, porque as crianças estão sempre em espaços fechados. E esse ano, devido ao isolamento social, isso piorou muito.
No retorno às aulas, tão esperados pelas crianças, e também por seus pais, a brincadeira e a convivência devem assumir o papel de protagonistas, e não a atualização do programa teórico. Evite a escola que confina a criança por horas ouvindo aulas, tem recreios curtos, e educação física uma vez por semana.
Antes da pandemia, eu já pensava que as escolas precisam ser lugares mais agradáveis do que são hoje – devem ser mais abertas, e com mais natureza. Agora, tenho mais um motivo para defender isso.
Estudos mostram que a natureza é uma necessidade. É algo que deve ser incorporado em prol do desenvolvimento infantil. A utilização de espaços de educação não formal e vivências ao ar livre não devem ser “bônus”. Os espaços verdes e áreas livres são primordiais, e não complementos, na escolha de uma escola.
O tempo da pandemia já é longo. Infelizmente, aqui no Brasil, quase tudo voltou a funcionar antes das escolas. Devemos ser justos com a infância e defendê-la. E, quem sabe, aproveitar a pausa no ano escolar para reflexões e mudanças na forma de ensinar.
Torço muito para que todas as escolas possam voltar, seguras, em 2021.

